Ao longo dos séculos as cozinhas passaram por um interessante processo de modificação que ditou tanto o seu uso – antes frequentada apenas pelos empregados, hoje é um espaço essencial de socialização – como seu tamanho – de maior cômodo da casa para um dos menores. Entretanto, independentemente das suas dimensões, a cozinha representa cada vez mais o coração da casa. Um espaço essencial que, nos dias atuais, transcende o simples ato de preparar os alimentos, tornando-se um local associado também ao lazer e a união. Para tanto, este ambiente precisa estar apto a responder uma série de particularidades que exige funcionalidade e eficiência mas, ao mesmo tempo, conforto e bem-estar.
No caso dos projetos com metragem limitada e integração total entre os ambientes, como são os lofts e estúdios, o desafio é ainda maior pois, além dessa simbologia específica que a cozinha carrega, se faz necessário criar estratégias para dinamizar o espaço e otimizar seu uso. Aliado a isso, são traçadas diretrizes fundamentais que visam a integração programática e conceitual desse ambiente com os espaços adjacentes.
Dessa forma as estratégias de integração se tornam essenciais quando se fala em cozinhas para ambientes únicos. Isto se dá, por exemplo, através de uma mesma paleta de cores como é o caso da cozinha do Estúdio Lapinha ou do loft Yojigen Poketto no qual o próprio mobiliário é projetado como uma peça única – de mesmas cores e materiais – que se desdobra possibilitando diferentes apropriações. Nesse sentido, o Loft Buiksloterham segue uma linha parecida com seu módulo central único que ora se transforma em cama, ora se torna a cozinha.
No Apartamento Arouche a integração também foi materializada através da mesma paleta de cores. Todavia, neste projeto é possível perceber a relação de versatilidade e flexibilidade que a cozinha assume, enfatizando ainda mais o seu papel como coração do lar, já que, a sua bancada se torna o centro da casa onde não só se cozinha, mas se trabalha, estuda e come.
Por falar em bancadas, quando analisamos projetos de cozinhas para lofts e estúdios, podemos entender este elemento como uma importante peça de setorização espacial. Essa estratégia pode ser vista no projeto do Apartamento Cmpct, por exemplo, onde a cozinha verde oliva é separada do restante da sala pela bancada atrás do sofá. Seguindo a mesma ideia, é possível perceber esse papel de setorização assumido pela bancada da cozinha nos projetos do estúdio Old Town ou no Loft em Barcelona. Em uma abordagem minimalista e de tamanho ainda mais reduzido, a cozinha da Casa 28 também é isolada do restante dos ambientes pela pequena bancada de desenho exclusivo.
Há ainda os projetos que tratam as cozinhas como elementos camuflados em meio a outros cômodos, servindo também como espaços de apoio para sala de estar e jantar conforme é o caso da cozinha do Loft Cosmopolitan, do Loft on Life ou do Loft Refúgio que utiliza uma paleta de cores e materiais refinada trazendo personalidade ao cômodo e, ao mesmo tempo, integrando-o ao restante dos espaços.
Por fim, é importante ressaltar que essa total integração nem sempre é uma estratégia bem-vinda. Nesses casos, o uso de divisórias móveis se apresenta como uma solução interessante para separar visualmente a cozinha do restante do estúdio, como nos mostra o projeto para o Loft Selenita ou a marcante estrutura azul da Casa na Rua Faria Guimarães.